Atualmente, os professores têm se
mostrado estupefatos diante do desconhecimento dos alunos em, praticamente,
todas as matérias e, principalmente, do desconhecimento das noções básicas da
língua portuguesa. A dificuldade que os alunos têm para se expressar, tanto na
escrita quanto de forma oral, é quase inacreditável. A escrita, principalmente,
representa um problema sério para a maioria dos alunos. Frases sem sentido,
erros gramaticais e de sintaxe e erros de pontuação são apenas alguns exemplos
com os quais nos deparamos durante as aulas.
Atualmente, defende-se a noção de que
devemos aceitar a linguagem trazida pelo aluno do seu ambiente social, muitas
vezes um ambiente de total pobreza, tanto econômica quanto intelectual. Agir de
outra forma seria discriminar o aluno.
É claro que o professor deve respeitar
os limites de cada aluno. O “falar errado” é fruto de um ambiente que, muitas
vezes, possui condições deploráveis de higiene, moradia, condições dignas de
vida. A maioria das pessoas possui um nível de instrução baixo, e os alunos,
antes de ir para a escola, aprendem os modos e o falar desse meio precário. Não
vale a pena, aqui, entrar no mérito social, político ou econômico desta
situação. O que interessa é que os alunos são expostos a este meio precário e
trazem para a escola os conhecimentos aí adquiridos.
Porém, o que temos que ter em mente é
que, se os professores têm de ser compreensivos com a condição precária do
aluno, a Vida não será. Estes alunos de hoje serão os homens de amanhã, homens
que irão batalhar por emprego, por moradia, por condições dignas de vida. E,
para obter sucesso, estes homens terão que ter um mínimo de conhecimento,
principalmente da língua portuguesa. Negar-lhes este conhecimento sim, é uma
forma de discriminação.
Não desconhecemos que a educação sempre
foi utilizada pela política para alcançar os seus próprios fins. E também não
desconhecemos que um povo educado (e entenda-se, aqui, educação tanto no
sentido de comportamento quanto de conhecimento), que tenha discernimento e
entendimento das coisas que ocorrem ao seu redor, seriam um estorvo para a
maioria dos políticos atuais. Por isso vemos o descaso com que a educação é
tratada neste país, mesmo que tentem dar uma impressão contrária. Um povo
inculto é muito mais fácil de ser manipulado, e por isso a educação não possui
o reconhecimento que deveria ter.
Um povo que desconhece a sua própria
língua pode ser mais facilmente manipulado pelo discurso “bonito” feito pelos
políticos. As pessoas se empolgam com os gestos e com as palavras bonitas,
porém incompreensíveis, e votam em alguém por achá-lo enérgico e atuante, sendo
enroladas por promessas vazias que os políticos fazem, mesmo sabendo que não
poderão cumpri-las. Além disso, quando forem procurar emprego, encontrarão
dificuldades por não saberem se expressar e por não saberem interpretar o que
lhes é comunicado, seja de forma oral ou escrita. Nenhuma empresa irá empregar
alguém apenas por “bondade” ou por “espírito cristão”. Uma empresa não
contratará alguém que poderá prejudicá-la por um erro em um documento
importante ou por passar uma informação equivocada.
Exigir dos alunos – coisa que não tem
sido feita nas escolas de hoje – iria torná-los cidadãos melhores e mais bem preparados
para suas vidas futuras. Infelizmente, interesses alheios à verdadeira educação
estão deturpando o conceito de escola e tornando a profissão de professor,
considerada uma das mais nobres em alguns países, como a Coreia,
desinteressante para os jovens de hoje, que veem a profissão de professor como
uma ocupação a ser feita por alguém que não tem capacidade para fazer algo
melhor – entenda-se, mais rentável. Assim, atualmente tem-se aceitado
profissionais medíocres e desqualificados, pelo simples fato de não se
encontrar bons profissionais que atendam à crescente demanda. Dessa forma,
acabamos por ter profissionais medíocres formando alunos abaixo do que
poderia—se considerar mediano.
Devemos repensar a profissão de
professor, entendendo a nossa responsabilidade como formadores de uma geração
mais preparada e qualificada, não só para ‘brigar’ por uma vaga de emprego, mas
também para tentar fazer deste país um lugar melhor para se viver.