segunda-feira, 29 de julho de 2013

Por que as pessoas dizem “a gente vamos”?

Um dos “vícios” de linguagem que costumamos presenciar é o uso de “a gente vamos” no lugar de “nós vamos” ou “a gente vai”, que seriam as formas corretas.

A expressão “a gente” é singular, portanto, devemos utilizar o verbo que a acompanha sempre no singular: a gente vai, a gente foi, a gente comeu, a gente falou etc.

Então, por que as pessoas utilizam “a gente vamos”, “a gente fomos”, “a gente comemos”, “a gente falamos”?

A expressão “a gente”, embora seja singular, dá a ideia de plural. “A gente” é utilizado para indicar que a ação foi feita por “eu + alguém”. As pessoas, então, raciocinam que, se “a gente” substitui “eu + alguém”, “a gente” se refere ao pronome “nós”. E na conjugação dos verbos acima citados, dizemos “nós vamos”, “nós fomos”, “nós comemos”, “nós falamos”. Logo, a substituição é feita automaticamente: “a gente vamos” etc.

O raciocínio utilizado está correto, só que, para a gramática, como “a gente” é singular, o correto é “a gente vai”.

Portanto, quando for utilizar uma destas expressões, lembre-se que “a gente” é singular e, desta forma, os verbos que a acompanham ficarão no singular.         


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Sujeito oculto e sujeito indeterminado

É muito comum as pessoas confundirem sujeito oculto com sujeito indeterminado, mas são situações que, embora possam parecer a mesma coisa, em alguns casos, são situações bem diferentes. 

Sujeito oculto ocorre quando o sujeito não aparece na oração, mas podemos facilmente reconhecê-lo.

Ex.: Fiz minhas tarefas. (sujeito: EU)
      Viajou ontem à noite. (sujeito ELE / ELA) 
       Dormiste até tarde. (sujeito: TU)

O sujeito oculto também recebe o nome de “elíptico”. Utilizamos para evitar repetições, quando o sujeito está expresso na primeira oração e oculto na segunda. 

Ex.: Eu cheguei em casa mais cedo e fui logo dormir. (sujeito EU, expresso na primeira oração e elíptico na segunda) 
“Eu” cheguei em casa mais cedo e “eu” fui logo dormir. 

Já o sujeito indeterminado ocorre quando não podemos identificar o sujeito na oração. Na língua portuguesa, existem três modos de se assinalar o sujeito indeterminado.

a) verbo na 3ª pessoa do plural, sem nenhuma referência a qualquer agente já referido nas orações anteriores. 

Ex.: Tocaram a campainha insistentemente. 
       Prenderam o bandido.

Obs.: os verbos encontram-se na terceira pessoa do plural (eles), portanto, indeterminados). 

b) verbo na terceira pessoa do singular, acompanhado do pronome “se” (neste caso, o “se” é índice de indeterminação do sujeito).

Ex.: Aluga-se quarto.
       Ensina-se português. 

Obs.: os verbos encontram-se na terceira pessoa do singular (ele), acompanhado do índice de indeterminação do sujeito (se)).

c) verbo no infinitivo impessoal.

Ex.: É preciso votar nos candidatos honestos.
       É difícil passar em matemática. 


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Cartazes de manifestações escorregam no português III

Recentemente, em diversas cidades do Brasil, vimos o povo sair às ruas para protestar contra diversos problemas enfrentados pelo nosso país. As manifestações são genuínas, atos de um povo que reconhece seus direitos e deveres e exercita, democraticamente, seus direitos políticos.
Entretanto, alguns dos cartazes levados às ruas deixaram a desejar em relação à língua portuguesa.

Vejamos alguns exemplos, com as devidas correções:




1- Neste cartaz, o erro encontra-se na ausência do plural em algumas palavras. O correto seria: “Caso fiquem doentes, desabrigados ou com fome, vão para o Maracanã.”.      




2- Aqui, temos dois erros. Imprensa é com “s” em vez de “ç”; a palavra “fotografo” existe e refere-se à primeira pessoa do singular no presente do indicativo: “eu fotografo”. Porém, no caso do cartaz, refere-se ao profissional que trabalha com fotografia, portanto, um fotógrafo.    



3- Neste cartaz também encontramos dois erros: após a palavra “seleção”, o correto seria utilizar a ‘vírgula’, e não o ‘ponto’, pois o segundo período é uma continuação do período anterior. O outro erro está no uso da palavra “mais”. O correto, neste caso, seria “mas”, que tem o sentido de porém, entretanto, todavia. A frase ficaria assim: Este protesto não é contra a seleção, mas sim contra a corrupção.   

Nos próximos dias, exibiremos mais exemplos.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Cartazes de manifestações escorregam no português II

Recentemente, em diversas cidades do Brasil, vimos o povo sair às ruas para protestar contra diversos problemas enfrentados pelo nosso país. As manifestações são genuínas, atos de um povo que reconhece seus direitos e deveres e exercita, democraticamente, seus direitos políticos.
Entretanto, alguns dos cartazes levados às ruas deixaram a desejar em relação à língua portuguesa.

Vejamos alguns exemplos, com as devidas correções:



1- No primeiro cartaz, o correto seria: “Ela investe em bola e corrupção. Falta escola, saúde e educação”. “Investi” é o passado do verbo investir: “Eu investi meu dinheiro em aplicações”.

No segundo cartaz, o correto seria: “Feliciano, a gente não te esqueceu”. Feliciano é um vocativo (um chamamento), e deve ser separado por vírgula. Já o termo “agente”, como está no cartaz, refere-se a uma pessoa que atua em uma agência (agente de saúde, agente de polícia etc.). O termo “a gente”, embora seja singular, refere-se a “nós” (a gente = eu + alguém).      



2- Aqui, o erro encontra-se no uso do “mais”. O correto seria: “Eu queria me formar, casar, ter filhos e ser feliz... mas a violência de São Paulo arrancou isso de mim”. “Mas” é igual a porém, entretanto, todavia; “mais” indica acréscimo. A vírgula depois de “filhos” também é desnecessária, já que foi colocado o conectivo “e”. 



3- O erro da frase está no uso do verbo “acordar” no singular, já que o verbo refere-se a “disparos”, que está no plural. O correto seria: “Foram os disparos em São Paulo que acordaram o povo em todo o Brasil!”.

Nos próximos dias, exibiremos mais exemplos.

Cartazes de manifestações escorregam no português

Recentemente, em diversas cidades do Brasil, vimos o povo sair às ruas para protestar contra diversos problemas enfrentados pelo nosso país. As manifestações são genuínas, atos de um povo que reconhece seus direitos e deveres e exercita, democraticamente, seus direitos políticos.
Entretanto, alguns dos cartazes levados às ruas deixaram a desejar em relação à língua portuguesa.


Vejamos alguns exemplos, com as devidas correções:




1- Este cartaz, de maneira irônica, protestou contra a má qualidade da educação, e os erros apresentados foram propositais. Entretanto, vale a pena a correção: Nós viemos protestar por uma educação melhor, seria o correto.  


2- Aqui, o erro encontra-se no uso da crase. O correto seria: O governo deve estar a serviço das necessidades do povo



3- O único erro na frase está no uso do “porque” junto. Já que se está fazendo uma pergunta, o correto seria o “por que” separado. Se é perigoso ficar sem cinto no carro, por que temos que andar em pé no ônibus?

Nos próximos dias, exibiremos mais exemplos.


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Faz diferença escrever palavras com letras maiúsculas ou minúsculas?

É muito comum, principalmente nas redes sociais, vermos as pessoas escrevendo todas as palavras com letras minúsculas. Em alguns casos, isso não faz diferença. Em frases como 

“joão é meu amigo.”

Embora “joão”, por ser um nome próprio, devesse ser escrito com letra maiúscula, não há dúvida de que representa o nome de uma pessoa do sexo masculino. 
Porém, em outras frases, isso poderá gerar dúvidas e confusões. Neste caso, escrever com letra maiúscula ou minúscula fará diferença. Por exemplo, se alguém escrever a seguinte frase:

“Vi no jornal hoje que a presidente vetou o aumento.”

entenderemos que a pessoa viu a notícia no jornal, no dia de hoje. 
Entretanto, se a mesma frase for escrita assim: 

“Vi no jornal Hoje que a presidente vetou o aumento.”

entenderemos que a pessoa viu a notícia em um telejornal chamado “Hoje”, exibido pela TV Globo.
Neste caso, a diferenciação entre maiúscula e minúscula ajudará a entender melhor a frase.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Qual a função da expressão “filho da mãe” em uma frase?

É comum ouvirmos frases do tipo “Aquele filho da mãe me enganou” ou “Não quero ver mais aquele filho da mãe”. Nestes casos, qual a função da expressão “filho da mãe” (ou similares) nas frases? Depende do caso.
Se a frase for:

"Conheci um político filho da mãe". – “filho da mãe” é adjunto adnominal. O adjunto adnominal caracteriza ou determina o substantivo. Neste caso, o substantivo “político” está sendo caracterizado como sendo um “filho da mãe”. 

"Aquele político é um filho da mãe". – “filho da mãe” é predicativo. “Aquele político” é sujeito; “é”, verbo de ligação; “um filho da mãe”, predicativo do sujeito. 

"Esse filho da mãe é político". – “filho da mãe” é sujeito. Se “perguntarmos” ao verbo “quem é político?”, a resposta é “Esse filho da mãe”, portanto, sujeito. 

Se alguém aponta uma arma para o político e diz: "Agora nega o roubo, filho da mãe!" - “filho da mãe” é vocativo. Vocativo é um termo que chama ou interpela a pessoa, animal ou coisa personificada a que nos dirigimos. “Filho da mãe” é a maneira de interpelar, chamar o político. 

"O ex-ministro..., aquele filho da mãe, desviou o dinheiro do INSS" - “filho da mãe” é aposto. O aposto é uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, desenvolve ou resume outro termo da oração. “Filho da mãe” demonstra o conceito que se tem do ministro, explicando que ele é um “filho da mãe”.